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Procrastinação- essa sabotadora de realizações como um recurso ou armadilha?

procrastinação

Para entendermos o contexto e as situações onde a procrastinação se apresenta, é importante, primeiramente, definir o significado da palavra em si.  Vem do latim procrastinatus que significa pro (a frete) e crastinus (de manhã).

Em termos práticos significa deixar para amanhã, para realizar mais a frente, ou depois. Podemos definir como o adiamento de uma ação.

A energia do ser humano se apresenta, basicamente, como duas imensas e poderosas forças motrizes, sendo que a primeira é que em geral nos movimentamos em direção ao que desejamos e a segunda é quando fugimos daquilo que não queremos em qualquer nível de intensidade.

Nesse contexto, a procrastinação pode ser descrita em ambas as situações, uma vez que, no ato de “empurrar” ações que não nos agradam, passamos a fazer atividades que nos atraem; e delegamos as demais para outros momentos os quais estamos mais impulsionados a realizá-las.

O ato de procrastinar é tão antigo quanto a humanidade existe e é considerado comum, normal e aceitável até que se interponha e interrompa o fluxo normal das ações, impedindo as realizações que ansiamos.

Nesses casos crônicos, a difamada procrastinação destrói sonhos e dissemina problemas psicológicos e fisiológicos trazendo estresse, sensação de culpa e vergonha em relação aos outros e a si mesmo. Quanto mais se procrastina maiores ficam essas sensações e piores nos sentimos.

Mas há soluções para, aos poucos, transformar a nossa querida conhecida em um recurso ou uma ferramenta que auxilie a gerenciar o tempo disponível.

Podemos usar as forças motrizes para elencar:

Prioritários são os resultados que planejamos e sem os quais nos sentimos inacabados, quebrados ou incompletos. Desta forma, as atividades que trazem esses planos para o presente de forma palpável são aquelas que usaremos a energia em direção a conclui-los.

Importantes definem-se por realizações que, embora ansiadas e necessárias, não impactam de forma que não agrada a falta, mas podemos preencher os espaços com as prioridades alcançadas.

Restam as procrastináveis que, embora sejam agradáveis, realmente não nos fazem falta. Quando nos lembramos delas, são por pequenos e curtos momentos, pois geram desconforto momentâneo e, facilmente podem ser compensadas com as prioridades e importâncias já concluídas.

Fácil entender esses conceitos através de uma metáfora muito conhecida onde um sábio mestre certa vez chamou seus discípulos e lhes deu uma tarefa: preencher um jarro de cerâmica com pedras grandes, pedregulhos, areia e água, de maneira que nada restasse e todos os ingredientes estivessem dentro do receptáculo no final do exercício.

Cada aprendiz recebeu jarros de cerâmica idênticos e a mesma quantidade de pedras grandes, pedregulhos, areia e água. Um a um os estudantes se postaram a frente do sábio e foram adicionando os materiais no jarro, mas nenhum deles conseguiu finalizar a tarefa.

O sábio então pegou um jarro vazio e as mesmas quantidades de pedras grandes, pedregulhos, areia e água para si e demonstrou qual a resposta ao enigma.

Primeiro colocou as pedras grandes e ajeitou-as no jarro, em seguida adicionou os pedregulhos, cuidadosamente, entre os espaços vagos entre as pedras maiores, no terceiro passo despejou vagarosamente a areia até o último grão e finalmente despejou toda a água.

As pedras grandes representam nossas prioridades, nossa saúde física, emocional e espiritual, incluindo principalmente nosso propósito de vida que, sem eles não nos sentimos completos.

Os pedregulhos são nossas realizações materiais e financeiras que, mesmo em falta, podem ser facilmente esquecidas quando estamos bem emocionalmente e em consoantes com a missão de vida. A areia e a água são os procrastináveis, fazem falta de maneira singela, mas servem realmente para preencher os espaços vazios.

O consumismo confunde e coloca esses itens tão primordiais fora de ordem e, desta forma, não há espaço para o que realmente nos completa e faz felizes. Sucesso sem felicidade, amor e realizações imateriais é só uma maneira de procrastinar a plenitude de nossa humanidade.

Cabe a cada um de nós identificar quais são as pedras grandes, os pedregulhos, areia e água. Não há dois seres humanos idênticos, portanto não há como utilizar modelos pré-desenhados por outros se não nós mesmos.

Nesse final de ano, onde uma fase se finda e se abre mais uma oportunidade de recomeçar, é importante fazer sua lista de prioridades, de importâncias e procrastinações e assumir como seu projeto. Afinal, tudo é imaginário até que façamos destes planos plena realidade.

Artigo publicado originalmente na Revista Conexão Moderna n. 6, V.1, 2019. Clique aqui para acessar.

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